sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Um novo olhar sobre o Brasil

Postado por Simone da Fonseca Arantes às 22:25 0 comentários
"A liberdade de fracassar é vital se você quer ser bem sucedido. As pessoas mais bem sucedidas fracassam repetidamente, e uma medida de sua força é o fato de o fracasso impulsioná-las a alguma nova tentativa de sucesso."
Michael Korda

Hoje meu coração está tão contristado que eu resolvi escrever. Depois de tanto tempo sem me manifestar, esta é a hora. Enquanto tomava banho e clamava a Deus pelo Brasil, nação que amo, pedi a Deus que usasse minhas palavras para falar com cada um.

Junto com minha família e muitos amados que conheço, há anos oramos por um Brasil diferente, com mais justiça, governado por uma pessoa de princípios e valores, que teme a Deus, e que o Brasil passe por transformações maravilhosas causadas pelo aumento da presença de Deus em cada lar, em cada família, de modo a chegar ao governo da nação.

Nesta eleição temos a chance de repensar o nosso voto e votar numa mulher que teme a Deus e que entende de projetos para melhorar nossa existência e que é amplamente reconhecida pelo seu trabalho. Sempre foi elogiada pelo trabalho que fez no ministério do meio-ambiente, lutando pela conservação do maior bem que o Senhor nos deu, a Terra, a que habitamos.

Não é preciso mencionar que o criador construiu a terra com tanto amor e tanta perfeição, a preparou para que então nos criasse e pudéssemos nela habitar. Não entendo, então, porque tantas críticas pelo fato de Marina Silva querer preservá-lo.

Tenho visto os debates e vejo a postura dela, de fazer uma campanha limpa, com dados, sem ameaças, sem constrangimentos, apenas com informações oficiais. Uma pessoa íntegra de quem nada me envergonho.

Marina tem uma coleção de prêmios que ganhou pelo muito bom desempenho em seu trabalho. Dentre os prêmios está o prêmio da ONU, o maior prêmio que alguém no mundo poderia receber em matéria de cuidado com o meio-ambiente. Segundo o jornal THE GUARDIAN, está entre as 50 pessoas que podem mudar o mundo.

Agora, comparemos: Imaginemos que temos uma escolha a fazer. Precisamos escolher um novo diretor para nossa maior empresa, a mais rentável, aquela que nos dará a garantia de futuro. Por favor, em quem votaríamos?

Votaríamos naquela que apenas foi uma gerente por um curto período de tempo, como é o caso de Dilma? Me reservo ao direito de não apelar pra baixaria em meu blog e apenas dizer que ela não é portadora de bons resultados e o que fez foi a colheita do gerente que lhe antecedeu. Não tem pensamento estratégico, com resultados a longo prazo e é facilmente manipulada.

Votaríamos então naquele que foi um bom gerente, mas se utiliza de falsas habilidades em seu currículo? Cria falsas expectativas somente para alcançar o posto de Diretor de nossa empresa? Ataca os concorrentes para ganhar a confiança? Não tem princípios morais para defender? Serra tem muitas qualidades, e se preocupa com muitos aspectos, mas peca em outros vários e não tem princípios cristãos.

Ou votaríamos em uma mulher que foi amplamente condecorada por seu trabalho em várias nações do mundo, que usou da estratégia para dar resultados na casa dos 75% de diminuição no desperdício (desmatamento)? Aquela que teme a Deus e que andam segundo a Sua vontade, com princípios cristãos, os quais nunca negou?

Me diz, quem você escolheria para ser o diretor da sua empresa?

E quanto ao plebiscito? Qual o problema nisso? Oramos e nos levantamos por um presidente temente à Deus, porque não podemos orar e pedir á Deus sabedoria para o povo que escolherá se sim ou não ao aborto?

Você prefere alguém que dá á Deus a glória e que Dele busca a resposta, um outro que age segundo os seus interesses ou ainda, e que muda de opinião conforme seus próprios interesses?

Nos debates tenho visto que Marina quer discutir as melhorias de um país que em carência de infra-estrutura, de educação, de moradia, de alimentação, de empregos...

A Bíblia conta uma história chamada O Apólogo de Jotão, que está registrada no livro de Juízes 9:7 ao 21. O apólogo de Jotão narra a escolha de um governante para as árvores. Foram as árvores ungir um rei sobre si e, primeiramente escolheram a oliveira, que não aceitou a unção. A figueira também declinou. O mesmo fez a videira. Foram então ao encontro do espinheiro e lhe pediram que reinasse dobre elas e este lhes disse: “Se , na verdade, me ungis rei sobre vós, vinde e confiai-vos debaixo da minha sombra” Juízes 9:15

Poderia alguém descansar à sombra de um espinheiro? Você estará descansado confiando a sua nação mais uma vez àquele que não ama a Deus e que é um espinheiro? Mesmo que Marina não fosse cristã, tem motivos de sobra para receber o voto de qualquer cidadão brasileiro.

Por favor, não busque a vontade dos outros, mas a de Deus. Busque o Senhor nesta escolha, serão 4 anos de espinheiro se escolhermos errado!

Com amor

Simone da Fonseca Arantes

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Os novos evangélicos

Postado por Simone da Fonseca Arantes às 08:40 0 comentários

Inspirado no cristianismo primitivo e conectado à internet, um grupo crescente de religiosos critica a corrupção neopentecostal e tenta recriar o protestantismo à brasileira

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Rani Rosique não é apóstolo, bispo, presbítero nem pastor. É apenas um cirurgião geral de 49 anos em Ariquemes, cidade de 80 mil habitantes do interior de Rondônia. No alpendre da casa de uma amiga professora, ele se prepara para falar. Cercado por conhecidos, vizinhos e parentes da anfitriã, por 15 minutos Rosique conversa sobre o salmo primeiro (“Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios”). Depois, o grupo de umas 15 pessoas ora pela última vez – como já havia orado e cantado por cerca de meia hora antes – e então parte para o tradicional chá com bolachas, regado a conversa animada e íntima.

Desde que se converteu ao cristianismo evangélico, durante uma aula de inglês em Goiânia em 1969, Rosique pratica sua fé assim, em pequenos grupos de oração, comunhão e estudo da Bíblia. Com o passar do tempo, esses grupos cresceram e se multiplicaram. Hoje, são 262 espalhados por Ariquemes, reunindo cerca de 2.500 pessoas, organizadas por 11 “supervisores”, Rosique entre eles. São professores, médicos, enfermeiros, pecuaristas, nutricionistas, com uma única característica comum: são crentes mais experientes.

Apesar de jamais ter participado de uma igreja nos moldes tradicionais,Rosique é hoje uma referência entre líderes religiosos de todo o Brasil, mesmo os mais tradicionais. Recebe convites para falar sobre sua visão descomplicada de comunidade cristã, vindos de igrejas que há 20 anos não lhe responderiam um telefonema. Ele pode ser visto como um “símbolo” do período de transição que a igreja evangélica brasileira atravessa. Um tempo em que ritos, doutrinas, tradições, dogmas, jargões e hierarquias estão sob profundo processo de revisão, apontando para uma relação com o Divino muito diferente daquela divulgada nos horários pagos da TV.

Estima-se que haja cerca de 46 milhões de evangélicos no Brasil. Seu crescimento foi seis vezes maior do que a população total desde 1960, quando havia menos de 3 milhões de fiéis espalhados principalmente entre as igrejas conhecidas como históricas (batistas, luteranos, presbiterianos e metodistas). Na década de 1960, a hegemonia passou para as mãos dos pentecostais, que davam ênfase em curas e milagres nos cultos de igrejas como Assembleia de Deus, Congregação Cristã no Brasil e O Brasil Para Cristo. A grande explosão numérica evangélica deu-se na década de 1980, com o surgimento das denominações neopentecostais, como a Igreja Universal do Reino de Deus e a Renascer. Elas tiraram do pentecostalismo a rigidez de costumes e a ele adicionaram a “teologia da prosperidade” (leia o quadro abaixo). Há quem aposte que até 2020 metade dos brasileiros professará à fé evangélica.

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SÍMBOLO O cirurgião Irani Rosique (sentado, de camisa branca, com aBíblia aberta no colo). Sem cargo de clérigo, ele mobiliza 2.500 pessoas no interior de Rondônia

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Dentro do próprio meio, levantam-se vozes críticas a esse crescimento.Segundo elas, esse modelo de igreja, que prospera em meio a acusações de evasão de divisas, tráfico de armas e formação de quadrilha, tem sido mais influenciado pela sociedade de consumo que pelos ensinamentos da Bíblia. “O movimento evangélico está visceralmente em colapso”, afirma o pastor Ricardo Gondim, da igreja Betesda, autor de livros como Eu creio, mas tenho dúvidas: a graça de Deus e nossas frágeis certezas(Editora Ultimato). “Estamos vivendo um momento de mudança de paradigmas. Ainda não temos as respostas, mas as inquietações estão postas, talvez para ser respondidas somente no futuro.”

Nos Estados Unidos, a reinvenção da igreja evangélica está em curso há tempos. A igreja Willow Creek de Chicago trabalhava sob o mote de ser “uma igreja para quem não gosta de igreja” desde o início dos anos 1970. Em São Paulo, 20 anos depois, o pastor Ed René Kivitz adotou o lema para sua Igreja Batista, no bairro da Água Branca – e a ele adicionou o complemento “e uma igreja para pessoas de quem a igreja não costuma gostar”. Kivitz é atualmente um dos mais discutidos pensadores do movimento protestante no Brasil e um dos principais críticos da“religiosidade institucionalizada”. Durante seu pronunciamento num evento para líderes religiosos no final de 2009, Kivitz afirmou: “Esta igreja que está na mídia está morrendo pela boca, então que morra. Meu compromisso é com a multidão agonizante, e não com esta igreja evangélica brasileira.”

Essa espécie de “nova reforma protestante” não é um movimento coordenado ou orquestrado por alguma liderança central. Ela é resultado de manifestações espontâneas, que mantêm a diversidade entre as várias diferenças teológicas, culturais e denominacionais de seus ideólogos. Mas alguns pontos são comuns. O maior deles é a busca pelo papel reservado à religião cristã no mundo atual. Um desafio não muito diferente do que se impõe a bancos, escolas, sistemas políticos e todas as instituições que vieram da modernidade com a credibilidade arranhada. “As instituições estão todas sub judice”, diz o teólogo Ricardo Quadros Gouveia, professor da Universidade Mackenzie de São Paulo e pastor da Igreja Presbiteriana do Bairro do Limão. “Ninguém tem dúvida de que espiritualidade é uma coisa boa ou que educação é uma coisa boa, mas as instituições que as representam estão sob suspeita.”

Uma das saídas propostas por esses pensadores é despir tanto quanto possível os ensinamentos cristãos de todo aparato institucional. Segundo eles, a igreja protestante (ao menos sua face mais espalhafatosa e conhecida) chegou ao novo milênio tão encharcada de dogmas, tradicionalismos, corrupção e misticismo quanto a Igreja Católica que Martinho Lutero tentou reformar no século XVI. “Acabamos nos perdendo no linguajar ‘evangeliquês’, no moralismo, no formalismo, e deixamos de oferecer respostas para nossa sociedade”, afirma o pastor Miguel Uchôa, da Paróquia Anglicana Espírito Santo, em Jaboatão dos Guararapes, Grande Recife. “É difícil para qualquer pessoa esclarecida conviver com tanto formalismo e tão pouco conteúdo.”

“É lisonjeador saber que nos consideram ‘pensadores’. Mas o grande problema dos evangélicos brasileiros não é de inteligência. É de ética e honestidade” RICARDO AGRESTE, pastor da Comunidade Presbiteriana Chácara Primavera, em Campinas, São Paulo

Uchôa lidera a maior comunidade anglicana da América Latina. Seu trabalho é reconhecido por toda a cúpula da denominação como um dos mais dinâmicos do país. Ele é um dos grandes entusiastas do movimento inglês Fresh Expressions, cujo mote é “uma igreja mutante para um mundo mutante”. Seu trabalho é orientar grupos cristãos que se reúnem em cafés, museus, praias ou pistas de skate. De maneira genérica, esses grupos são chamados de “igreja emergente” desde o final da década de 1990. “O importante não é a forma”, afirma Uchôa. “É buscar a essência da espiritualidade cristã, que acabou diluída ao longo dos anos, porque as formas e hierarquias passaram a ser usadas para manipular pessoas. É contra isso que estamos nos levantando.”

No meio dessa busca pela essência da fé cristã, muitas das práticas e discursos que eram característica dos evangélicos começaram a ser considerados dispensáveis. Às vezes, até condenáveis. Em Campinas, no interior de São Paulo, ocorre uma das experiências mais interessantes de recriação de estruturas entre as denominações históricas. A Comunidade Presbiteriana Chácara Primavera não tem um templo. Seus frequentadores se reúnem em dois salões anexos a grandes condomínios da cidade e em casas ao longo da semana. Aboliram a entrega de dízimos e as ofertas da liturgia. Os interessados em contribuir devem procurar a secretaria e fazê-lo por depósito bancário – e esperar em casa um relatório de gastos. Os sermões são chamados, apropriadamente, de “palestras” e são ministrados com recursos multimídias por um palestrante sentado em um banquinho atrás de um MacBook. A meditação bíblica dominical é comumente ilustrada por uma crônica de Luis Fernando Verissimo ou uma música de Chico Buarque de Hollanda.

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“O que importa é buscar a essência do cristianismo, que acabou diluída porque as formas e hierarquias passaram a ser usadas para manipular pessoas” MIGUEL UCHÔA, pastor anglicano (à esquerda na foto, ao lado do bispo Robinson Cavalcanti, da Diocese do Recife)

“Os seminários teológicos formam ministros para um Brasil rural em que os trabalhos são de carteira assinada, as famílias são papai, mamãe, filhinhos e os pastores são pessoas respeitadas”, diz Ricardo Agreste, pastor da Comunidade e autor dos livros Igreja? Tô fora e A jornada (ambos lançados pela Editora Socep). “O risco disso é passar a vida oferecendo respostas a perguntas que ninguém mais nos faz. Há muita gente séria, claro, dizendo verdades bíblicas, mas presas a um formato ultrapassado.”

Outro ponto em comum entre esses questionadores é o rompimento declarado com a face mais visível dos protestantes brasileiros: os neopentecostais. “É lisonjeador saber que atraímos gente com formação universitária e que nos consideram ‘pensadores’”, afirma Ricardo Agreste. “O grande problema dos evangélicos brasileiros não é de inteligência, é de ética e honestidade.” Segundo ele, a velha discussão doutrinária foi substituída por outra. “Não é mais uma questão de pensar de formas diferentes a espiritualidade cristã”, diz. “Trata-se de entender que há gente usando vocabulário e elementos de prática cristã para ganhar dinheiro e manipular pessoas.”

Esse rompimento da cordialidade entre os evangélicos históricos e os neopentecostais veio a público na forma de livros e artigos. A jornalista (evangélica) Marília Camargo César publicou no final de 2008 o livro Feridos em nome de Deus(Editora Mundo Cristão), sobre fiéis decepcionados com a religião por causa de abusos de pastores. O teólogo Augustus Nicodemus Lopes, chanceler da Universidade Presbiteriana Mackenzie, publicou O que estão fazendo com a Igreja: ascensão e queda do movimento evangélico brasileiro (Mundo Cristão), retrato desolador de uma geração cindida entre o liberalismo teológico, os truques de marketing, o culto à personalidade e o esquerdismo político. Em um recente artigo, o presidente do Centro Apologético Cristão de Pesquisas, João Flavio Martinez, definiu como “macumba para evangélico” as práticas místicas da Igreja Universal do Reino de Deus, como banho de descarrego e sabonete com extrato de arruda.

Tais críticas, até pouco tempo atrás, ficavam restritas aos bastidores teológicos e às discussões internas nas igrejas. Livros mais antigos – comoSupercrentes, Evangélicos em crise, Como ser cristão sem ser religioso e O evangelho maltrapilho (todos da editora Mundo Cristão) – eram experiências isoladas, às vezes recebidos pelos fiéis como desagregadores. “Parece que a sociedade se fartou de tanto escândalo e passou a dar ouvidos a quem já levantava essas questões há tempos”, diz Mark Carpenter, diretor-geral da Mundo Cristão.

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“As pessoas não querem mais dogmas, elas querem autenticidade. Minha postura é, juntos, buscarmos algumas respostas satisfatórias a nossas inquietações” ED RENÉ KIVITZ, pastor da Igreja Batista da Água Branca, em São Paulo

O pastor Kivitz – que publicou pela Mundo Cristão seus livros Outra espiritualidade e O livro mais mal-humorado da Bíblia – distingue essa crítica interna daquela feita pela mídia tradicional aos neopentecostais “A mídia trata os evangélicos como um fenômeno social e cultural. Para fazer uma crítica assim, basta ter um pouco de bom-senso. Essa crítica o (programa) CQC já faz, porque essa igreja é mesmo um escracho”, diz ele. “Eu faço uma crítica diferente, visceral, passional, porque eu sou evangélico. E não sou isso que está na televisão, nas páginas policiais dos jornais. A gente fica sem dormir, a gente sofre e chora esse fenômeno religioso que pretende ser rotulado de cristianismo.”

A necessidade de se distinguir dos neopentecostais também levou essas igrejas a reconsiderar uma série de práticas e até seu vocabulário. Pastores e “leigos” passam a ocupar o mesmo nível hierárquico, e não há espaço para “ungidos” em especial. Grandes e imponentes catedrais e “cultos shows” dão lugar a reuniões informais, em pequenos grupos, nas casas, onde os líderes podem ser questionados, e as relações são mais próximas. O vocabulário herdado da teologia triunfalista do Antigo Testamento (vitória, vingança, peleja, guerra, maldição) é reconsiderado. Para superar o desgaste dos termos, algumas igrejas preferem ser chamadas de “comunidades”, os cultos são anunciados como “reuniões” ou “celebrações” e até a palavra “evangélico” tem sido preterida em favor de “cristão” – o termo mais radical. Nem todo mundo concorda, evidentemente. “Eles (os neopentecostais) é que não deveriam ser chamados de evangélicos”, afirma o bispo anglicano Robinson Cavalcanti, da Diocese do Recife. “Eles é que não têm laços históricos, teológicos ou éticos com os evangélicos.”

Um dos maiores estudiosos do fenômeno evangélico no Brasil, o sociólogo Ricardo Mariano (PUC-RS), vê como natural o embate entre neopentecostais e as lideranças de igrejas históricas. Ele lembra que, desde o final da década de 1980, quando o neopentecostalismo ganhou força no Brasil, os líderes das igrejas históricas se levantaram para desqualificar o movimento. “O problema é que não há nenhum órgão que regule ou fale em nome de todos os evangélicos, então ninguém tem autoridade para dizer o que é uma legítima igreja evangélica”, afirma.

Procurado por ÉPOCA, Geraldo Tenuta, o Bispo Gê, presidente nacional da Igreja Renascer em Cristo, preferiu não entrar em discussões. “Jesus nos ensinou a não irmos contra aqueles que pregam o evangelho, a despeito de suas atitudes”, diz ele. “Desde o início, éramos acusados disto ou daquilo, primeiro porque admitíamos rock no altar, depois porque não tínhamos usos e costumes. Isso não nos preocupa. O que não é de Deus vai desaparecer, e não será por obra dos julgamentos.” A Igreja Universal do Reino de Deus – que, na terceira semana de julho, anunciou a construção de uma “réplica do Templo de Salomão” em São Paulo, com “pedras trazidas de Israel” e “maior do que a Catedral da Sé” – também foi procurada por ÉPOCA para comentar os movimentos emergentes e as críticas dirigidas à igreja. Por meio de sua assessoria, o bispo Edir Macedo enviou um e-mail com as palavras: “Sem resposta”.

O sociólogo Ricardo Mariano, autor do livro Neopentecostais: sociologia do novo pentecostalismo no Brasil (Editora Loyola), oferece uma explicação pragmática para a ruptura proposta pelo novo discurso evangélico. Ateu, ele afirma que o objetivo é a busca por uma certa elite intelectual, um público mais bem informado, universitário, mais culto que os telespectadores que enchem as igrejas populares. “Vivemos uma época em que o paciente pesquisa na internet antes de ir ao consultório e é capaz de discutir com o médico, questionar o professor”, diz. “Num ambiente assim, não tem como o pastor proibir nada. Ele joga para a consciência do fiel.”

A maior parte da movimentação crítica no meio evangélico acontece nas grandes cidades. O próprio pastor Kivitz afirma que “talvez não agisse da mesma forma se estivesse servindo alguma comunidade em um rincão do interior” e que o diálogo livre entre púlpito e auditório passa, necessariamente, por uma identificação cultural. “As pessoas não querem dogmas, elas querem honestidade”, diz ele. “As dúvidas delas são as minhas dúvidas. Minha postura é, juntos, buscarmos respostas satisfatórias a nossas inquietações.”

Por isso mesmo, Ricardo Mariano não vê comparação entre o apelo das novas igrejas protestantes e das neopentecostais. “O destino desses líderes será ‘pescar no aquário’, atraindo insatisfeitos vindos de outras igrejas, ou continuar falando para meia dúzia de pessoas”, diz ele. De acordo com o presbiteriano Ricardo Gouveia, “não há, ou não deveria haver, preocupação mercadológica” entre as igrejas históricas. “Não se trata de um produto a oferecer, que precise ocupar espaço no mercado”, diz ele. “Nossa preocupação é simplesmente anunciar o evangelho, e não tentar ‘melhorá-lo’ ou torná-lo mais interessante ou vendável.”

O advento da internet foi fundamental para pastores, seminaristas, músicos, líderes religiosos e leigos decidirem criar seus próprios sites, portais, comunidades e blogs. Um vídeo transmitido pela Igreja Universal em Portugal divulgando o Contrato da fé – um “documento”, “autenticado” pelos pastores, prometendo ao fiel a possibilidade de se “associar com Deus e ter de Deus os benefícios” – propagou-se pela rede, angariando toda sorte de comentários. Outro vídeo, em que o pregador americano Moris Cerullo, no programa do pastor Silas Malafaia, prometia uma “unção financeira dos últimos dias” em troca de quem “semear” um “compromisso” de R$ 900 também bombou na rede. Uma cópia da sentença do juiz federal Fausto De Sanctis (lembre AQUI) condenando os líderes da Renascer Estevam e Sônia Hernandes por evasão de divisas circulou no final de 2009. De Sanctis afirmava que o casal “não se lastreia na preservação de valores de ética ou correção, apesar de professarem o evangelho”. “Vergonha alheia em doses quase insuportáveis” foi o comentário mais ameno entre os internautas.

Sites como Pavablog, Veshame Gospel, Irmãos.com, Púlpito Cristão,Caiofabio.net ou Cristianismo Criativo fazem circular vídeos, palestras e sermões e debatem doutrinas e notícias com alto nível de ousadia e autocrítica. De um grupo de blogueiros paulistanos, surgiu a ideia da Marcha pela ética, um protesto que ocorre há dois anos dentro da Marcha para Jesus (evento organizado pela Renascer). Vestidos de preto, jovens carregam faixas com textos bíblicos e frases como “O $how tem que parar” e “Jesus não está aqui, ele está nas favelas”.

A maior parte desses blogueiros trafega entre assuntos tão diversos como teologia, política, televisão, cinema e música popular. O trânsito entre o “secular” e o “sagrado” é uma das características mais fortes desses novos evangélicos. “A espiritualidade cristã sempre teve a missão de resgatar a pessoa e fazê-la interagir e transformar a sociedade”, diz Ricardo Agreste. “Rompemos o ostracismo da igreja histórica tradicional, entramos em diálogo com a cultura e com os ícones e pensamento dessa cultura e estamos refletindo sobre tudo isso.”

Em São Paulo, o capelão Valter Ravara criou o Instituto Gênesis 1.28, uma organização que ministra cursos de conscientização ambiental em igrejas, escolas e centros comunitários. “É a proposta de Jesus, materializar o amor ao próximo no dia a dia”, afirma Ravara. “O homem sem Deus joga papel no chão? O cristão não deve jogar.” Ravara publicou em 2008 a Bíblia verde, com laminação biodegradável, papel de reflorestamento e encarte com textos sobre sustentabilidade.

“O homem sem Deus joga papel no chão? O cristão não deve jogar. É a proposta de Jesus, materializar o amor ao próximo no dia a dia” VALTER RAVARA, “ecocapelão”, criador do Instituto Gênesis 1.28 e da Bíblia verde

A então ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, escreveu o prefácio da Bíblia verde. Sua candidatura à Presidência da República angariou simpatia de blogueiros e tuiteiros, mas não o apoio formal da Assembleia de Deus, denominação a que ela pertence. A separação entre política e religião pregada por Marina é vista como um marco da nova inserção social evangélica. O vereador paulistano e evangélico Carlos Bezerra Jr. afirma que o dever do político cristão é “expressar o Reino de Deus” dentro da política. “É o oposto do que fazem as bancadas evangélicas no Congresso, que existem para conseguir facilidades para sua denominação e sustentar impérios eclesiásticos”, diz ele.

DA WEB ÀS RUAS – Blogueiros que organizam a Marcha pela ética, um movimento de protesto incrustado dentro da Marcha para Jesus, promovida pela Renascer

O raciocínio antissectário se espalhou para a música. Nomes como Palavrantiga, Crombie, Tanlan, Eduardo Mano, Helvio Sodré e Lucas Souza se definem apenas como “música feita por cristãos”, não mais como “gospel”. Eles rompem os limites entre os mercados evangélico e pop. O antissectarismo torna os evangélicos mais sensíveis a ações sociais, das parcerias com ONGs até uma comunidade funcionando em plena Cracolândia, no centro de São Paulo. “No fundo, nossa proposta é a mesma dos reformadores”, diz o presbiteriano Ricardo Gouveia. “É perceber o cristianismo como algo feito para viver na vida cotidiana, no nosso trabalho, na nossa cidadania, no nosso comportamento ético, e não dentro das quatro paredes de um templo.”

A teologia chama de “cristocêntrico” o movimento empreendido por esses crentes que tentam tirar o cristianismo das mãos da estrutura da igreja – visão conhecida como “eclesiocêntrica” – e devolvê-lo para a imaterialidade das coisas do espírito. É uma versão brasileiramente mais modesta do que a Igreja Católica viveu nos tempos da Reforma Protestante. Desta vez, porém, dirigida para a própria igreja protestante. Depois de tantos desvios, vozes internas levantaram-se para propor uma nova forma de enxergar o mundo. E, como efeito, de ser enxergadas por ele. Nas palavras do pastor Kivitz: “Marx e Freud nos convenceram de que, se alguém tem fé, só pode ser um estúpido infantil que espera que um Papai do Céu possa lhe suprir as carências. Mas hoje gostaríamos de dizer que o cristianismo tem, sim, espaço para contribuir com a construção de uma alternativa para a civilização que está aí. Uma sociedade que todo mundo espera, não apenas aqueles que buscam uma experiência religiosa”.

Fonte: Revista Época / Pavablog

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Um desabafo...

Postado por Simone da Fonseca Arantes às 21:16 0 comentários

Porque o meu blog se transformou em um blog apologético?

Renato Vargens

O Senhor tem me dado o privilégio de escrever. Pela graça de Deus tenho escrito livros, artigos e crônicas pastorais, que nos últimos anos tem abençoado milhares de pessoas nos mais diferentes países.

O meu blog possui mais de 530 artigos publicados nos mais diferentes temas, onde família, juventude, cotidiano, missão integral, cidadania e política, música e teologia se fazem presentes. Mais de 200 mil pessoas já leram os meus textos, deixando impressos em páginas digitais, milhares de comentários. Ultimamente, em virtude da apostasia evangélica, bem como as aberrações teológicas dos apóstolos da modernidade, tenho dedicado parte dos meus escritos a apologética, onde de forma séria e apaixonada tenho procurado defender a doutrina cristã. Entretanto, algumas pessoas ao longo dos últimos meses me têm escrito criticando a minha forma de defender a fé. Para estes, em nome do amor, eu não deveria apontar os desvios doutrinários das igrejas evangélicas e sim promover a unidade da Igreja de Cristo Jesus. Segundo estes irmãos, defender a fé não deve ser um ato prioritário do cristão, até porque, somente o Senhor é quem possui poder para julgar os corações dos homens.

Pois é, acabo de Chegar de Cabo Verde, África, onde tive o privilégio de pregar em um Congresso de Famílias. Ao caminhar pelas ruas da capital, pude perceber a existência de uma enorme Catedral da Igreja Universal do Reino de Deus. Sem titubeios perguntei a um dos pastores que comigo estava: O que eles têm pregado por aqui? O pastor demonstrando uma enorme preocupação respondeu: Um evangelho diferente do ensinado na Bíblia. Segundo ele, a IURD havia ressuscitado algumas práticas pagãs onde a superstição e o misticismo se faziam presentes jogando por terra o trabalho de décadas dos missionários cristãos.

Como inúmeras vezes escrevi neste blog, não sei fazer o jogo do contente, nem tampouco consigo fechar os olhos as aberrações teológicas do neo-pentecostalismo. Em virtude disto acredito que mais do que nunca a Igreja de Cristo precisa preservar a sã doutrina defendendo os valores inegociáveis da fé cristã. Isto posto, afirmo que a apologética cristã é um ministério indispensável a saúde do Corpo de Cristo.

A palavra "apologética" vem do grego "apologia", e significa "uma defesa verbal". O termo é utilizado oito vezes no Novo Testamento: At 22:1; 25:16; 1 Co 9:3; 2 Co 7:11; Fl 1:7,17; 2 Tm 4:16; 1 Pd 3:15. A apologética é a parte da Teologia que se encarrega de apresentar uma defesa da Bíblia contra toda e qualquer contestação que possa surgir por parte de qualquer pessoa. Nessa defesa podem-se incluir as ciências como: Arqueologia, Paleontologia, Biologia, Filosofia, Matemática, Física, Química, etc. (1)

Como bem disse Robson Tavares Fernandes a boa apologética é aquela que consegue englobar todas essas áreas de conhecimento de acordo com as necessidades, aplicando-as apropriadamente, com mansidão, temor e amor por aqueles que estão vivendo no engano.

Pois é cara pálida, dias dificeis os nossos! Por mais que alguns defendam o silêncio e a "polianização" da fé, não me é possível calar diante das distorções teologicas do catolicismo romano, do neo pentecolstalismo e outros tantos "ismos" mais.

Em virtude disto não exitarei em continuar defendendo a fé cristã apontando erros e dando nome aos bois.

Doela a quem doela, isto farei.

Via: Genizah

sábado, 17 de abril de 2010

O duplo chamado do Espírito - N. Vicent (1639-1697)

Postado por Simone da Fonseca Arantes às 19:48 0 comentários
1. O mais comum é: muitos são chamados, só que nunca são totalmente convertidos. Foi a operação comum do Espírito que fez Feliz tremer, o qual trouxe Agripa a um passo de se tornar cristão e fez com que Herodes realizasse muitas coisas. Multidões de não regene rados têm sentido as águas agitarem-se, o Espírito Santo movendo-os à conversão, e têm prontamente aceitado Sua ajuda e assistência, e talvez, por um tempo, tenham sido guiados por Ele. Todavia, posteriormente têm se recusado a deixar a sensualidade ou a vaidade, as quais Ele exigiu que abandonassem. Eles não transformaram a sua preguiça espiritual em séria diligência pelo interesse de suas almas imortais, e assim desprezando Sua operação, desconsiderando Sua ajuda, eles fazem com que o Espírito Se afaste entristecido, Ele que veio com amor agir em suas vidas.

2. Há um chamado do Espírito que é mais especial e eficaz, e quando Ele os move a voltar-se para Deus, os pecadores são persuadidos, não parcialmente, mas completamente. Agora observemos o método do Espírito ao operar naqueles que são realmente convertidos.

A. Aqueles os quais o Espírito chama efetivamente, Ele os convence do pecado (João 16:8). Ele lhes apresenta a lei, e Ele mesmo é o intérprete dessa lei. E pela Sua interpretação são levados a ver que a lei proíbe não somente a manifestação do pecado nos lábios e na vida, e sim também a concupiscência interior e a manifestação do pecado no coração. E quando vem a lei, oh, quão abundante é a ofensa! O Espírito mostra suas iniquidades em ordem diante de seus olhos e os mantém abertos para enxergá-las. O livro da consciência é aberto, e quantas transgressões estão ali registradas? E se, ao mergulharmos neste livro, muitas abominações aparecem, quão inumerável é a multidão que está no livro memorial de Deus? Embora os pecadores não considerem o fato, Deus ainda Se lembra de todas as corrupções deles (Os. 7:2). O justo, porém, se conscientiza disso. "Males sem número me tem rodeado", diz Davi, "minhas iniquidades me prenderam" (Sal. 40:12). Quando ele se deita elas se deitam. Quando ele se levanta elas se levantam com ele. Onde quer que vá ou o que quer que faça elas continuamente o perseguem e o assediam.

Quão hediondo e horrendo o pecado parecerá ao pecador quando todas as justificativas e desculpas forem silenciadas, quando a lente colorida for retirada e este for visto por ele em sua aparência natural! Bebedice, impureza, blasfêmias, gestos profanos e cobiça pelo mundo não mais serão vistos como sem importância. Esse modo de viver antes parecia não ter nada de perigoso nele, pelo contrário era cheio de delícias e prazeres. Contudo, após a convicção, sua decepcionante e condenável natureza será tão evidente como a luz do sol ao meio dia.

E ainda que o pecador não tenha sido contaminado com as mais pesadas contaminações do mundo, ainda assim será necessário mostrar-lhe suficientemente a natureza do pecado, a fim de levá-lo a concluir que é um miserável e está perdido. Ora, ora! Todas as suas omissões ou suas chacotas contra o Deus zeloso, cometidas de maneira insensível, seriam consideradas como nada? Acaso seria nada seu desperdício de tempo e sua desconsideração para com a eternidade? O deleitar-se nas coisas criadas, nas vaidades e prazeres do mundo, e o amar a estes mais do que a Deus, a Cristo e a glória, seria um assunto de menor importância? Tais pecados são hediondos e são imputados até mesmo às pessoas mais civilizadas.

Esta convicção do Espírito é forte e permanente. Ela resiste até que o pecador seja reconduzido completamente de volta. As transgressões presentes com seus agravantes são pesadas, e o pecado original é a fonte da qual outras fontes são originadas. E nessa fonte, há o suficiente para alimentar mais dez mil outras nascentes além das que já nasceram. Davi não somente foi convencido do assassinato e do adultério que cometera, mas teve que traçar estes pecados até a fonte deles, a corrupção original de sua natureza (Sal. 51:5). Imagine o quanto a visão desta realidade o inclinou em direção à sua auto-humilhação?
Finalmente, esta convicção não trata somente de alguns atos pecaminosos, porém da nocividade do estado do pecador. Ele é levado a examinar-se, visto que é um filho da desobediência, como também um filho da ira. Tudo será reconhecido e confessado, sem contestação. Isso é o que evidencia a convicção do Espírito.

B. Aqueles aos quais o Espírito chama efetivamente, Ele produz temor neles. O espírito de temor vem antes do espírito de adoção. Realmente, há vários, graus desses temores e terrores, no entanto o Senhor opera esses sentimentos em todos aqueles acerca dos quais Ele tem desígnios de amor, a fim de torná-los insatisfeitos em seu estado natural. A segurança carnal é uma das primeiras coisas que é atacada pelo Espírito. Ele ordena a alma que desperte e a faz saber que permanecer dormindo no pecado é muito mais arriscado do que se dormisse no topo de um mastro.

O pecador tem toda razão para ficar amedrontado. Ele tem atraído ira contra si, a qual vem carregada com um onipotente e irresistível poder contra si mesmo. "Quem pode suportar a Sua indignação ? Quem subsistirá diante do furor de Sua ira?" (Naum 1:2). As maldições da lei têm um som apavorante aos ouvidos do pecador e, devido ser ameaçado de maldição, não ficará adormecido por muito tempo. A proximidade de tão grande mal aumenta excessivamente o medo. Sua aquiescência é profunda e em sua mente agora ele antevê: "...e em chama de fogo tomando vingança contra os que não conhecem a Deus e contra os que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus. Estes sofrerão penalidade de eterna destruição... "(II Tess. 1:8-9). E, que miséria, ele pensa consigo mesmo, quão terrível será fazer parte do número daqueles que pedirão às rochas e montanhas para que caiam sobre eles, para que possam se esconder da face dAquele que está assentado no trono e da ira do Cordeiro! Isto faz com que ele pare repentinamente no seu mau caminho. Ele não se atreve a continuar correndo em direção ao pecado, assim como o cavalo corre em direção à batalha.

C. Aqueles que o Espírito chama efetivamente, Ele desperta pesar e tristeza neles por causa de seu pecado e miséria. Eles vêem o que têm feito contra Deus e contra si mesmos, e isso faz com que seus espíritos fiquem perturbados. Isso é o que é estar cansado e sobrecarregado (como dizem as Escrituras), estes são os que Cristo chama para vir a Ele, para que possam encontrar descanso para suas almas. (Mat. 11:28-29). Havia uma voz vinda dos lugares altos, voz de choro e súplica dos filhos de Israel, porque eles perverteram seus caminhos e esqueceram-se do Senhor seu Deus, e isso aconteceu antes de aceitarem o Seu convite para retornar a Ele. (João. 3:20-21).

O pecador, pelo Espírito, é levado a contemplar a gravidade do seu caso, o mal do seu pecado, e ver quão miseravelmente ele tem sido enganado pela sua concupiscência e por satanás, como também sua loucura em se render a eles. Vejam como ele agora acusa e condena a si próprio! "Quando o coração se me amargou e as entranhas se me comoveram, eu estava embrutecido e ignorante, era como um irracional à tua presença" (Sal. 73:21-22). Ele desejaria milhões de vezes que as tentações tivessem sido recusadas e que o pecado nunca tivesse sido cometido.

Quero apresentar o lamento do coração do pecador nesta proposição: "Oh, como sou miserável, o que tenho feito eu durante todos os meus dias! Seria esse o fim para o qual fui criado, destruir a mim mesmo? Não havia algo melhor a fazer do que adicionar pecado a pecado, e então entesourar ira para o dia da ira? Quanto tempo tenho desperdiçado, e como tenho me esforçado para tornar-me um miserável! Ah, tolo, miserável auto-destruidor! Não percebe o quanto tem provocado a ira do Senhor? Oh, que meus olhos sejam fontes de lágrimas e que eu possa chorar dia e noite! Os condenados irão chorar e lamentar par sempre, e eu não deveria lamentar e chorar - eu que mereço tanto ser condenado? Tenho toda razão para estar perturbado e humilhado grandemente, e para prantear durante o dia todo".

Assim o pecador se aflige e lamenta-se, pois a companhia dos amigos, os prazeres sensuais e as diversões mundanas não podem mandar embora suas tristezas. Ninguém, senão Aquele que faz as feridas no coração, é capaz de curá-las novamente.

D. Aqueles que o Espírito chama efetivamente, Ele faz com que se desesperem de si mesmos. Eles são levados a compreender que não há poder neles mesmos, a não ser fora dos caminhos do pecado e da miséria nos quais estão mergulhados. E como são incapazes de se ajudarem, então eles compreendem que são totalmente indignos de serem ajudados. Deus pode justamente permitir que permaneçam onde caíram e, não fosse a Sua intervenção, cairiam cada vez mais até não poderem mais ser recuperados. O pecador pode valer-se de suas boas obras, esperando com isso reconciliar-se com Deus por causa daquilo que ele tem feito de errado, entretanto é levado a ver que suas melhores obras estão tão misturadas com o pecado que, não fosse a justiça e a intercessão de Cristo, estas seriam verdadeiras abomina ções. Agora ele está abatido no seu interior. Ele não tem confiança na carne (Fil. 3:3). Ele não pode fazer nada por si mesmo. Não pode alegar que tenha direitos a ter algo feito em seu favor, mas ele deve esperar a graça de Deus para tudo.

Baseado nisso, ele clama pelos caminhos do Senhor (Sal. 130:1). Ele percebe que está afundando e clama: "Das profundezas a ti clamo, ó Senhor. Senhor salva-me ou perecerei. Estou à beira do inferno e cairei, a menos que a mão da misericórdia me segure." Ele implora com Efraim: "Salva-me, e serei salvo. " E como o mal do pecado se torna manifesto à sua vista, assim a bondade de Deus é, em alguma medida, revelada pelo Espírito. E, portanto, ele decide se tornar um convertido, não somente pela necessidade, porque dessa maneira ele seria extrema e eternamente miserável, mas também por escolha, porque esse é o caminho para a verdadeira felicidade. E este desejo de ser convertido é como se fosse o primeiro sopro da operação do Espírito em todos aqueles que Ele chama efetivamente para voltarem-se para Deus, como também são as muitas outras maneiras como o Senhor chama os pecadores à conversão, muitas das quais tornaram-se sem efeito, porque aqueles que foram chamados são surdos, desobedientes e rebeldes.

Como os homens devem portar-se na casa de Deus (1Tm 3.15).

Postado por Simone da Fonseca Arantes às 19:46 0 comentários
Nessas palavras, ele enaltece a importância e a dignidade do ofício pastoral, pois os pastores são como que despenseiros a quem Deus tem confiado a incumbência de governar sua casa. Se um homem é responsável por uma grande família, então deve ele trabalhar dia e noite com grande solicitude para que nada saia errado em função de algum descuido, inexperiência ou negligência. Se tal cuidado é indispensável em relação a meros seres humanos, quanto mais em relação ao Criador deles. Má boas razões para Deus chamar a Igreja de minha Casa, pois ele não só nos tem recebido como seus filhos mediante a graça da adoção, mas também, ele mesmo, habita pessoalmente entre nós.

Ao ser denominada, coluna e fundamento da verdade, tal dignidade atribuída à Igreja não é algo ordinário. Ora, que termos mais sublimes poderia ele ter usado para descrevê-la? Porquanto não existe nada mais venerável e santo do que aquela verdade que abrange tanto a glória de Deus quanto a salvação do homem. Fossem todos os louvores que os admiradores esbanjam em referência à filosofia paga reunidos num montão, o que seria isso comparado com a excelência dessa sabedoria celestial, a única que leva o título de a luz e a verdade e a instrução para a vida e o caminho e o reino de Deus? Esta verdade, porém, só é preservada no mundo através do ministério da Igreja. Daí, que peso de responsabilidade repousa sobre os pastores, a quem se tem confiado o encargo de um tesouro tão inestimável! Quão cínicas são as bagatelas dos papistas extraídas das palavras de Paulo, de que todos os seus absurdos devam ser considerados oráculos de Deus, visto que são colunas da verdade e, portanto, infalíveis!

Em primeiro lugar, porém, temos de examinar por que Paulo honra a Igreja com um título tão proeminente. Evidentemente, ele desejava, ao realçar aos pastores a grandeza de seu ofício, lembrá-los com que fidelidade, diligência e reverência devem desempenhá-lo, e ao mesmo tempo quão terrível é a retribuição que os aguarda, caso, por sua culpa, esta verdade, que é a imagem da glória de Deus, a luz do mundo e a salvação dos homens, seja prejudicada. Certamente, esse pensamento deve imbuir os pastores da terribilidade de sua tarefa; não para desencorajá-los, mas para compeli-los a uma vigilância mais intensa. Daqui se torna fácil deduzir o sentido que tinham as palavras de Paulo. A Igreja é a coluna da verdade porque, através de seu ministério, a verdade é preservada e difundida. Deus mesmo não desce do céu para nós, nem diariamente nos envia mensageiros angelicais para que publiquem sua verdade, senão que usa as atividades dos pastores, a quem destinou para esse propósito. Ou, expondo-o de maneira mais simples: não é a Igreja a mãe de todos os crentes, visto que ela os conduz ao novo nascimento pela Palavra de Deus, educa e nutre toda a sua vida, os fortalece e finalmente os guia à plenitude de sua perfeição? A Igreja é chamada coluna da verdade pela mesma razão, pois o ofício de ministrar a doutrina que Deus pôs em suas mãos é o único meio para a preservação da verdade, a qual não pode desaparecer da memória dos homens. Em conseqüência, essa recomendação se aplica ao ministério da Palavra, pois se ela for removida, a verdade de Deus desvanecerá. Não é que ela seja menos infalível se os homens não lhe prestam seu apoio, como alguns papistas ociosamente alegam. E chocante blasfêmia afirmar que a Palavra de Deus é falível até que obtenha da parte dos homens uma certeza emprestada. O "sentido que Paulo dá é o mesmo de Romanos 10.17: "E assim, a fé vem pelo ouvir, e o ouvir, pela palavra de Deus." Sem ouvir a pregação não pode haver fé. Portanto, em relação aos homens, a Igreja mantém a verdade porque, por meio da pregação, a Igreja a proclama, a conserva pura e íntegra, a transmite à posteridade. Se não houver ensino público do evangelho, se não houver ministros piedosos que, por sua pregação, resgatem a verdade das trevas e do olvido, as falsidades, os erros, as imposturas, as superstições e a corrupção de toda sorte assumirão imediatamente o controle. Em suma, o silêncio da Igreja significa o afastamento e a supressão da verdade. Não há nada absolutamente forçado nesta exposição da passagem.

Agora que descobrimos a intenção de Paulo, volvamo-nos para os papistas. Seu primeiro erro é o de transferir este enaltecimento da Igreja para si próprios, porquanto eles se cobrem com plumas emprestadas. Presumamos que a Igreja fosse exaltada acima do terceiro céu, tal coisa não tem nada a ver com eles. Pois se a Igreja é a coluna da verdade, segue-se que ela não está entre eles, onde a verdade não só se encontra sepultada, mas também horrivelmente destruída e pisoteada sob seus pés. Paulo não reconhece a existência da Igreja exceto onde a verdade de Deus é exaltada e esclarecida. No papado não há qualquer evidência de tal procedimento, senão unicamente desolação e ruína. Não se encontra entre eles a genuína marca da Igreja. A fonte de sua ilusão consiste em que não ponderam que o essencial é que a verdade de Deus seja mantida pela pura proclamação do evangelho, e que seu apoio não depende das faculdades e emoções humanas, e, sim, em algo muito mais exaltado, o qual não deve dissociar-se da Palavra de Deus em sua pureza.

João Calvino

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Espiritualidade

Postado por Simone da Fonseca Arantes às 00:17 0 comentários



No comecinho de 1990, fui convidado para participar da organização da Aliança Evangélica Brasileira (AEVB). Reunimo-nos em Teresópolis para esboçar os primeiros momentos, mas não lembro nada do planejamento. Ficaram apenas as devocionais lideradas pelo Osmar Ludovico, que me marcaram de forma indelével. O Osmar falou sobre oração contemplativa, "Lectio Divina", meditação. Porém eu vinha de uma tradição pentecostal e nada sabia sobre esses e outros exercícios espirituais. No segundo dia, houve um quebrantamento e eu me derreti em lágrimas. O Espírito de Deus nos moveu de uma forma única.

A prática de orar em silêncio, de aquietar a alma para meditar na Palavra e de escrever ressonâncias depois que alguém compartilha percepções espirituais, me deixou boquiaberto. Eu acreditava em preces barulhentas. Achava que Deus gostava de decibéis exagerados. Aliás, preciso confessar, eu mesmo já insuflei auditórios com a clara intenção de produzir frenesi para "mostrar" categoricamente que Deus "operava em nosso meio". Mas o Osmar Ludovico me conduzia por um novo e fascinante portal. Ao seu lado, eu subia escadas que tocavam o céu. Osmar tem uma voz suave, que, ao pronunciar o nome de Deus, ainda me comove. Ali começou um novo ciclo em minha devocional.

Passei a desejar uma espiritualidade de afetos. Abandonei o esforço de fazer de minhas orações uma técnica de colocar Deus em movimento. Destruí o altar que eu erguera para acionar o divino. Reaprendi que orar é inspirar ausências. Sem muitos barulhos, colocar a alma numa quietude parecida com a que o sumo sacerdote experimentava ao entrar no Santo dos Santos. Noto que os cultos, as missas, se tornaram agitados. Pergunto-me se o ritmo alucinante das músicas e das danças não são fugas. Na agitação, evita-se o confronto com a interioridade e, consequentemente, com Deus. Agora, só agora, começo a intuir o significado de orar no quarto fechado, em secreto.

Uma oração que não inclua o mundo inteiro apequena Deus e mostra o grau de individualismo de quem ora. Não consigo mais entender Deus como um deus tribal que faz chover e não deixa que gafanhotos destruam plantações. O mundo geme e entendo que as preces precisam ser situadas em relação a todos, inclusive africanos exilados, haitianos sem teto, europeus desiludidos com o materialismo e brasileiros inundados em periferias urbanas. Deus não dispensa suas bênçãos prioritariamente sobre os quem têm olhos azuis. Ele não começa seus castigos pelos mais miseráveis; não abandona milhões à míngua para vitalizar ajuntamentos que enriquecem evangelistas ávidos por fama e riqueza.

Desde aquela iniciação com o Osmar Ludovico, reaprendi a ler a Bíblia sem o exclusivismo das ferramentas frias da exegese. Por anos fui um gramático, pavimentei a estrada da minha fé com argumentações, mas comecei a ler as Escrituras com o coração. As novas lentes de leitura eram o amor e a paternidade de Deus. Desisti da pretensão de chegar à verdade dissecando textos. Eu queria perceber o recado de Deus nas entrelinhas, sem as vendas espirituais que me impedem de me sentir abraçado por ele. Sei da importância de não desvirtuar o sentido do texto com interpretações fantasiosas. Mas sei também que não é com análises sintáticas que a linda poesia do Espírito chegará ao meu coração. Se a letra mata e o Espírito vivifica, quero perceber o imperceptível; quero o que os olhos naturais não captam.

Desejo vivenciar a minha espiritualidade em atos devocionais. Pretendo transformar-me em um adorador que faz do “seguimento” de Jesus a melhor expressão de sua piedade. Liturgias centradas em emocionalismos desmerecem a tradição profética dos dois Testamentos. O melhor culto é defender a justiça. Deus não gosta de ajuntamentos com liturgias autocentradas, que só buscam canalizar o seu favor. O verdadeiro culto disponibiliza pessoas para cuidar de órfãos e de viúvas -- esta é a verdadeira religião, segundo Tiago. Qualquer verticalização do louvor só tem sentido se promover a verticalização do serviço. Espiritualidade é reconhecer Deus no rosto do pobre, do nu, do faminto e do desterrado; tudo o mais é individualismo travestido de piedade.

Anseio por reuniões que celebrem a graça, sem paranoias espirituais, sem alguém tentando infundir culpa para descansar no inescrutável amor de Deus. Quero participar de comunidades leves, sem as afetações próprias do glamour do mundo, onde os sorrisos sejam gratos e os abraços, sinceros. O caminhar de Jesus não combina com lugares espetaculosos. Viver os valores do seu reino prescinde de holofotes.

Muito obrigado, Osmar. Naquela tarde edifiquei um memorial; altar que me lembra o desafio de vivenciar o vasto amor do Pai.
Soli Deo Gloria.


• Ricardo Gondim é pastor da Assembleia de Deus Betesda no Brasil e mora em São Paulo. É autor de, entre outros, Eu Creio, mas Tenho Dúvidas.

terça-feira, 28 de julho de 2009

O refrigério

Postado por Simone da Fonseca Arantes às 23:46 0 comentários
Sabe aquele dia que você está meio perdido... Não consegue dormir... Parece que nenhuma posição na cama faz você se ajeitar. Há algo que tira sua paz e o seu descanso... Pode ser algo pequeno, ou ainda uma preocupação boba, mas que te deixa inquieto.

Bem, assim me sinto hoje... Não consigo dormir, apesar da gostosa chuva que cai lá fora, apesar do calor gostoso da companhia do meu esposo... Então pus-me a orar e agradecer a Deus por todas as maravilhas que tem operado em minha vida e pela sua provisão que não deixa nada faltar, bem pelo contrário, dá com abundância.

Deitei em minha cama e enquanto orava, chorava e desabafava este sentimento meu diante dele... A chuva parou... Tudo silenciou... E eu orei...

Orei dedicando ao Senhor meus dias, minha vida, meu casamento, meu esposo maravilhoso, tudo o que tenho e agradecendo seu grande amor... Agradecendo suas maravilhas em minha vida...

Pedi, então, que falasse comigo através da Sua Palavra e quando abri minha Bíblia, um refrigério foi o que li: ”E mostrou-me o rio puro da água da vida, claro como Cristal, que descia dos trone de Deus e do Cordeiro. No meio da sua praça, e de um e do outro lado do rio, estava a árvore da vida, que produz doze frutos, dando seu fruto de mês em mês; e as folhas da árvore são para a saúde das nações” (Apocalipse 22: 1 e 2).

Brotou em meu coração uma alegria e uma satisfação tão grande... D’Ele brota a água viva que jorra para a minha vida e Ele me dá uma bom fruto, que á saúde para mim... Senti Deus comigo, mais uma vez, me ouvindo, estando comigo da forma como estou...

Muitos têm pregado um Deus que é só alegria, outros pregam um Deus triste... Minha mensagem é de um Deus presente, que cuida, que se importa, que ama, que se entrega por mim, por você, do jeito que você estiver...

Eu não posso saber qual a sua situação neste momento... O que posso dizer é que Deus sabe como você se encontra... Deus sabe do que você precisa... Ele te ama, se entrega por você!

Seja qual for a sua situação hoje, quero te dizer uma coisa... Neste exato momento que escrevo e choro, entendo porque de tudo isso que me ocorreu: FOI POR VOCÊ! Depois que tomei a decisão de, ao invés de qualquer coisa, orar, ler a Palavra e escrever, a chuva voltou... Com muito mais intensidade... A paz começou a invadir a minha alma... O sono chegou!!!!

Por isso, com toda autoridade do Senhor quero te desafiar: para aí, agora, onde você está... Principalmente você que está desanimado, abatido, cansado... Comece a orar, a entregar tudo em suas mãos. Não tenha medo de falar o que se passa em seu coração pois Ele te entende. Entregue agora tudo ao Senhor, medite em Sua Palavra e deixe Ele derramar refrigério em sua vida, em sua alma, te dar dos bons frutos que Ele tem e te curar.

Há cura para o seu problema, há refrigério para a sua dor... Deixe-lhe fazer mais uma vez algo por você... E apenas desfrute da Sua maravilhosa presença, como um chuva na terra seca.

Com amor,

Simone da Fonseca Arantes
 

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