quarta-feira, 18 de junho de 2008

Amor

Postado por Simone da Fonseca Arantes às 23:05
Que pode uma criatura senão,
entre criaturas, amar?
amar e esquecer,
amar e malamar,
amar, desamar, amar?
sempre, e até de olhos vidrados amar?

Que pode, pergunto, o ser amoroso,
sozinho, em rotação universal, senão
rodar também, e amar?
amar o que o mar traz à praia,
o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,
é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?

Amar solenemente as palmas do deserto,
o que é entrega ou adoração expectante,
e amar o inóspito, o cru,um vaso sem flor, um chão de ferro,
e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma ave de rapina.

Este o nosso destino: amor sem conta,
distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma completa ingratidão,
e na concha vazia do amor a procura medrosa,
paciente, de mais e mais amor.

Amar a nossa falta mesma de amor,
e na secura nossa amar a água implícita,
e o beijo tácito, e a sede infinita.

[Autor: Carlos Drummond de Andrade]

1 comentários:

Anônimo disse...

PAZ amada...

Que linda essa msg, na verdade tudo se resume em quem não ama não é feliz!!
Mesmo que amar a nossa falta de amor, como diz essa msg (sendo esse amar loucura mesmo), é amar!!!

Quem não ama não é feliz realmente!!!

Desejo a vc muita alegria, felicidade, paz carinho, e muuuuuuiiiiiiiiiiiittttttoooooooo
AMOR, AMOR, AMOR, AMOR!!!

Bjuxxxx
Deus te abençoe

Sua mana
MAYARA DE OLIVEIRA

 

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